Primeiros passos do ano, na (sempre crescente) caminhada de (um dos meus maiores) prazeres...
Por conhecer(mos), saber(mos) e sentir(mos) esse mesmo prazer, duplicamo-lo ao oferecer e receber livros... OBRIGADO!
Ficam dois dos "tesouros" recebidos, lidos e sentidos...
"(...) Descia Mercator umas pequenas escadas quando deparou com o filósofo, pobremente vestido, sentado no chão, contra a parede, a comer lentilhas. Arrogante, mais do que era seu costume, cheio de vaidade pela riqueza que ostentava, e pelo estômago farto, disse, para Diógenes: – Se tivesses aprendido a bajular o rei, não precisavas de comer lentilhas. E riu-se depois, troçando da pobreza evidenciada por Diógenes. O filósofo, no entanto, olhou-o ainda com maior arrogância e altivez. Já tivera à sua frente Alexandre, o Grande, quem era este, agora? Um simples homem rico? Diógenes respondeu. À letra: – E tu – disse o filósofo – se tivesses aprendido a comer lentilhas, não precisavas de bajular o rei.(...)"
(Gonçalo M. Tavares)
"(...) O que lemos, calamos. A maior parte das vezes guardamos no fundo do nosso ciúme o prazer do livro lido. Ou porque entendemos que não há matéria para discursos, ou porque, antes de nos pronunciarmos, temos que esperar que o tempo cumpra o seu delicioso trabalho de destilação. Esse silêncio é a garantia da nossa intimidade. O livro está lido mas nós ainda lá estamos. (...)
Lemos e calamo-nos e calamomo-nos porque lemos. Por vezes é a humildade que comanda o nosso silêncio. (...)
(...) Quando um ser querido nos dá um Livro a ler, é ele que primeiro procuramos nas linhas, os seus gostos, as razões que o levaram a colocar o livro nas nossas mãos, os sinais de fraternidade. (...)
(...) Tanto o tempo para ler como o tempo para amar dilatam o tempo de viver.
A leitura não resulta da organização do tempo social, ela é, como o amor, uma maneira de ser. (...)"
Assim é, de facto!